Das coisas boas pode vir o mal?
Indagações acerca do mal em Agostinho
Resumo
O artigo pretende discutir sobre a origem do mal em Agostinho, tendo por fundamento as obras Confissões e Livre-arbítrio. O filósofo cristão, após a sua conversão devido à pregação de Santo Ambrósio, busca compreender a origem do mal rebatendo a sua antiga crença maniqueísta. A pergunta fundamental deste trabalho “das coisas boas pode vir o mal?” nos leva a refletir filosoficamente sobre o mal presente não nas coisas ou seres criados por Deus, mas no interior do homem. Seria a vontade humana fonte do mal? O mal poderia existir para além desta vontade? Neste sentido, buscamos argumentar sobre a origem do mal não numa existência ontológica, mas moralmente presente nos atos e escolhas humanas. A existência ontológica do mal não se sustenta se considerarmos Deus sumamente bom. Assim, resta-nos perquirir a origem do mal a partir do livre-arbítrio humano. No entanto, o livre-arbítrio em si mesmo não é mal, pois fora criado por Deus. O mal, então, seria o não-ser? Esta questão nos impõe outra abordagem filosófica pautada na conceituação agostiniana de que o mal seria a ausência do bem.
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