Marx, a crítica da religião e o cristianismo da libertação

  • Douglas Sobrinho de Andrade Universidade Federal do Espírito Santo/Laboratório Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas Materialistas
Palavras-chave: Marx;, Crítica da Religião;, 1844;, Cristianismo da Libertação;, América Latina

Resumo

A partir de dois movimentos fundamentais, quais sejam, a interpelação da experiência histórica do cristianismo da libertação e a pressuposição da teoria do fetichismo conforme entendida por autores da Teologia da Libertação, pretendemos tensionar a leitura corrente da crítica da religião marxiana de 1844, ou seja, a leitura que reduz esta crítica a crítica feuerbachiana e a famosa sentença: a religião é o ópio do povo. Com isso, buscamos mostrar que no famoso texto citado há elementos que possibilitam uma leitura deste texto que concebe a religião desempenhando uma função utópica, na medida em que Marx pensa o fenômeno religioso não só como expressão da miséria real, mas também como protesto contra esta miséria, ou seja, como uma hipótese estratégica reguladora.

Referências

ALMEIDA, Ronaldo de. Bolsonaro Presidente: conservadorismo, evangelismo e a crise brasileira. Novos Estudos. CEBRAP. São Paulo, v. 38, n. 1, pp. 185-213, Jan-Abr, 2019.
ASSMANN, Hugo. O uso de símbolos bíblicos em Marx. In: ASSMANN, Hugo; HINKELAMMERT, Franz. A idolatria do mercado: ensaios sobre economia e teologia. São Paulo: Vozes, 1989.
ASSOUN, Paul-Laurent. Marx e a repetição histórica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
ALVES, Rubem. O que é a religião? São Paulo: Edições Loyola, 2014.
BENSAÏD, Daniel. Marx, manual de instruções. São Paulo: Boitempo, 2013.
________. Espetáculo, fetichismo, ideologia. (Um livro inacabado). Fortaleza: Plebeu Gabinete de Leitura, 2019.
________. Zur Judenfrage, uma crítica da emancipação política [2009]. In: MARX, Karl. A questão judaica. São Paulo: Boitempo, pp. 9-29, 2010.
________. LÖWY, Michael. Centelhas: marxismo e revolução no século XXI. São Paulo: Boitempo, 2017.
________;________. Marxismo, modernidade e utopia. São Paulo: Xamã, 2000.
BENJAMIN, Walter. O anjo da história. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.
COELHO, Allan da Silva. Capitalismo como religião: Walter Benjamin e os teólogos da libertação. São Paulo: Recriar, 2021.
DUSSEL, Enrique. Las metáforas teológicas de Marx [1993]. Estella: Editorial Verbo Divino, 1993.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere [1926-1935]. 6 Vols. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2022.
HEINRICH, Michael. Karl Marx: e o nascimento da sociedade moderna. V. 1, 1818-1841. São Paulo: Boitempo, 2018.
HINKELAMMERT, Franz. A visibilidade do invisível e a invisibilidade do visível: a análise do fetichismo em Marx. In:_________. As armas ideológicas da morte [1977]. São Paulo: Edições Paulinas, 1983.
_________. A crítica da economia política, a crítica da religião e o humanismo da práxis. In: _________. A maldição que pesa sobre a lei: As raízes do pensamento crítico em Paulo de Tarso. São Paulo: Paulus, 2012.
_________. Assim no céu como na terra. In: _________. A maldição que pesa sobre a lei: As raízes do pensamento crítico em Paulo de Tarso. São Paulo: Paulus, 2012.
LÖWY, Michael. Marx e Engels como sociólogos da religião. Lua Nova: Revista de Cultura e Política. n. 43, pp. 157-222, 1998.
_________. A teoria da revolução no jovem Marx. São Paulo: Boitempo, 2012.
_________. O que é cristianismo da libertação? Religião e política na América Latina. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo/Expressão Popular, 2016.
MARIÁTEGUI, José Carlos. Sete ensaios de interpretação da realidade peruana [1928]. Sâo Paulo: Expressão Popular/CLACSO, 2008.
MARX, Karl. Diferença entre a filosofia da natureza de Demócrito e a de Epicuro [1840-1841]. São Paulo: Boitempo, 2018.
______; ENGELS, Friedrich. Collected Works. V. 1, Letters [1835-1843]. London: Lawrence & Wishart Electric Book, 2010.
______. Crítica da filosofia do direito de Hegel - Introdução [1843-1844]. São Paulo: Boitempo, 2013.
______; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã [1845-1846]. São Paulo: Boitempo, 2007.
______. Grundrisse [1857]. São Paulo: Boitempo, 2011.
______. Contribuição à crítica da economia política [1859]. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
______. A mercadoria [1873]. [Tradução, Apresentação e Comentários: Jorge Grespan]. São Paulo: Ática, 2006.
______. O Capital: crítica da economia política. Livro I, [1867-73]. São Paulo: Boitempo, 2013.
RANIERI, Jesus. Apresentação - sobre os chamados Manuscritos econômico-filosóficos de Karl Marx. In: MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, pp. 11-17, 2010.
TIBLE, Jean. Marx selvagem. São Paulo: Autonomia Literária, 2020.
VV.AA. A luta dos deuses: os ídolos da opressão e a busca do Deus libertador. São Paulo: Paulinas, 1982.
Publicado
2024-12-16